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Jovens conquistam vagas em universidades a partir de cursinho oferecido pelo Acqua e Noc Educação

19/04/2019

Aulas em São Luís (MA), Santo André (SP), São Sebastião (SP) e na Capital Paulista prepararam estudantes para o ENEM e demais vestibulares; 209 alunos foram impactados pelo projeto 

No Maranhão, a oportunidade de frequentar um cursinho preparatório para o vestibular era algo que as estudantes Hévylla Gomes Medeiros e Danielle Stephany Soares Rocha, ambas com 18 anos, desejavam, mas não tinham condições financeiras. A partir do curso pré-vestibular gratuito Universidade Cidadã, iniciativa do Instituto Acqua em parceria com a Noc Educação, as expectativas se transformaram em realidades. O projeto integrou além de São Luís (MA), São Paulo, Capital, Santo André (SP) e São Sebastião (SP). As aulas do Universidade Cidadã impactaram 29 estudantes de baixa renda, somando os quatro núcleos de atuação.

A ação promove inclusão social e prioriza a oportunidade de acesso ao Ensino Superior de pessoas em situação de baixa renda, vulnerabilidade social ou em grupos sociais minoritários, como destaca a coordenadora do projeto no Maranhão, Arlindyane Santos. “O projeto tem esse foco na inclusão e proporcionar uma preparação com qualidade para que tenham condições de igualdade para concorrer a uma prova aplicada nacionalmente”, explicou.

Alunas do Instituto Federal do Maranhão (IFMA – Campus Maracanã), em São Luís (MA), Hévylla e Danielle souberam do cursinho por um grupo de whatsapp da escola. “Soube do cursinho no grupo de whatsapp de líderes da escola. Fiquei desconfiada achando que era alguma corrente, queria muito poder me preparar para o vestibular, mas meus pais não tinham condições de pagar”, disse Danielle.

As estudantes fizeram a inscrição e em junho de 2018 foram comunicadas sobre a confirmação na turma que iniciaria no auditório da Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão, no bairro da Cohab, no turno da noite. Na capital maranhense, o projeto também contou com outra turma no Hospital Dr. Carlos Macieira, no turno da tarde.

A partir de então, a rotina de estudos foi intensificada para conseguir conciliar o horário escola e o cursinho. Foi preciso muita persistência e força de vontade, como relatou Hévylla. “Todos os dias eu precisava sair às 4h da madrugada de casa para chegar à escola, que era bem distante. Lá eu passava o dia inteiro porque o curso era de tempo integral. As aulas terminavam no final do dia e eu corria para chegar a tempo no cursinho, ficava exausta”, falou.

As aulas do projeto aconteciam às segundas, quartas e sextas, no horário das 18h40 às 22h. Os alunos receberam material didático com conteúdo padronizado das disciplinas Ciências da Natureza e suas tecnologias, Linguagens, Ciências Humanas e Matemática, com exercícios alinhados ao modelo do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

Hévylla contou ainda que, além do conteúdo, os professores criavam um jeito de motivar a participação e o engajamento de todos. “Todo dia eu falava para mim que ia dar certo. O professor Charles (de matemática) levava doce para nós e distribuía entre os alunos que respondessem mais rápido. Criou um grupo no whatsapp também para enviar sugestões de perguntas e dizia que ajudaria bastante tirar uma hora do intervalo na escola para responder questões. Assim que consegui me organizar”, disse.

Após cinco meses de estudos no projeto, as duas estudantes concorreram ao processo seletivo de acesso à universidade estadual e foram aprovadas na mesma turma do curso noturno de Licenciatura em Letras, realizando um sonho de família. “É uma área que me identifico muito, pois sempre amei literatura e linguística. Na minha família apenas eu, no momento, irei cursar o nível superior”, disse Danielle, aprovada em 9º lugar.

“Eu também sou a primeira pessoa a entrar na universidade aqui em casa. Meu pai é motorista, minha mãe é dona de casa e eles puderam estudar somente até o ensino fundamental. Meus irmãos tentaram vestibular e não conseguiram. Escolhi o curso de Letras porque acredito que a educação pode mudar o mundo. Quero ser professora da rede municipal para mudar a vida de crianças e adolescentes que também tiveram dificuldades como eu tive”, pontua Hévylla, aprovada em 6º lugar.

A Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) ofereceu 4.249 vagas para o ano de 2019. Ao todo, foram inscritos 57.114 no processo seletivo. O vestibular da universidade é composto de duas etapas. As aulas iniciam em agosto deste ano.

Asas para voar – No segundo semestre de 2018, a sede do Instituto Acqua, em Santo André (SP), também recebeu turma para o curso pré-vestibular. Mais de 20 estudantes participaram das aulas e tentaram bolsas de estudo e vestibulares em universidades públicas e privadas. Luis Henrique Oliveira Santos, 17 anos, foi um dos alunos que aguardaram os resultados neste início de 2019. O jovem prestou o ENEM, e vestibular na Anhembi Morumbi, de São Paulo, para Análise e Desenvolvimento de Sistemas, além de participar de bolsa de estudo para o mesmo curso na Anhanguera Educacional, faculdade optada por Luis. “O ENEM me proporcionou a bolsa que conquistei na Anhanguera e comecei o curso neste semestre. Estou gostando, mas quero ainda mais para minha carreira”, comenta.

Nascido em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, mas com familiares de São Luís (MA), o rapaz quer alçar voos mais distantes e sonha em ser piloto de avião comercial. “Desde criança, quando aos 9 anos entrei em um avião, gostei da profissão. Me tornei apaixonado por essa área, mas sei que o curso de pilotagem mais as horas de voos exigidas custam caro. Fiz as contas e pesquiso bastante. Quero trabalhar para conseguir guardar dinheiro e poder fazer o curso de pilotagem lá na frente”, descreve.

Daniel Leite Barbosa, 19 anos, morador de Heliópolis, em São Paulo, também conquistou vaga em universidade. O jovem soube do curso que seria ofertado na Casa 1, república de acolhimento para LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) que foram expulsos de suas casas, a partir da página do portal Catraca Livre, parceiro do Instituto Acqua. “Gostei bastante do curso, professores bastantE capacitados, comprometidos, fazem com que a matéria seja mais clara. Superou minhas expectativas, pois acreditava que seria mais um curso como qualquer outro, mas os professores demonstraram que estão ali realmente para ajudar. Recomendo para todos”, explica.

O estudante participou do ENEM com intuito de cursar Design Gráfico e adquiriu, a partir da nota, 70% de bolsa na Universidade São Judas Tadeu. “O resultado foi muito bom, com destaque em algumas matérias onde tenho mais dificuldade de compreensão. Foram as melhores notas que obtive comparando aos outros anos em que prestei”.