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Práticas de humanização adotadas na Maternidade Nossa Senhora da Penha (MA) viram modelo regional

27/03/2019

Enfermeira Gabriella Borges acompanhou as boas práticas de assistência à gestante e ao bebê, após solicitação da Prefeitura de São Bento; expectativa é levar o modelo de atendimento para o município

“Ouvimos falar em humanização em muitas instituições, mas aqui eu vivenciei na prática, e quero o modelo adotado na maternidade da Penha para minha vida profissional”. A afirmação é da enfermeira Gabriella Borges, técnica do Hospital Municipal de São Bento (MA), que participou de uma ‘vivência’ entre os dias 18 e 22 de março, na Maternidade Nossa Senhora da Penha, em São Luís (MA), e conheceu todas as etapas de atendimento às gestantes – da chegada na classificação de risco até a observação após o parto. A maternidade é gerenciada pelo Instituto Acqua em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (SES).

A enfermeira chegou à maternidade, inicialmente, não como profissional, mas como gestante em trabalho de parto, e precisou de acolhimento em novembro de 2017. “Após ter tido uma experiência ruim em outra maternidade, cheguei na Penha sem conhecer ninguém, conversei com o médico e fui para observação. A todo momento vinha alguém me acalmar e estimular o parto natural. Como profissional de enfermagem eu vi aqui a diferença, que é ofertar o serviço de saúde da maneira como você gostaria de ser atendido”, disse.

O atendimento humanizado integra as boas práticas de assistência à gestante e ao bebê adotadas pelas unidades de saúde do Maranhão gerenciadas pelo Instituto Acqua e SES, e que estão presentes desde a chegada do paciente à unidade até o uso de métodos não-farmacológicos e terapias integrativas, como pontua a diretora da Maternidade Nossa Senhora da Penha, Luciana Ferreira.

“Humanizar é compreender o atendimento com a complexidade e os detalhes de cada procedimento. Nós trabalhamos muito a questão do silêncio, saber ouvir a paciente, falar com os olhos. Fazemos o possível para tornar a maternidade um espaço acolhedor, uma casa para as gestantes e é um processo constante porque vamos identificando as evidências de práticas antiquadas e continuamente adequando os profissionais a aderirem essas práticas, que são comprovadas cientificamente, como é o caso dos métodos não-farmacológicos”, explicou Luciana.

Entre as boas práticas estão incluídas a realização de rodas de gestantes, quarto individualizado para etapas do trabalho de parto, uso de piscina, bolas de massagens, duchas, aromaterapia e outras atividades que geram um vínculo afetivo e tornam o parto um momento de alívio da dor e de bastante acolhimento.

“Eu não tive evolução da dilatação para o parto normal, ainda assim fui respeitada nas minhas emoções e em explicar que não suportaria mais a dor. Acompanhei também aqui um parto normal e fiquei muito emocionada porque na unidade onde eu trabalho ainda são adotadas algumas práticas mais tradicionais”, ressaltou Gabriella.

A própria experiência de Gabriella na maternidade da Penha foi a justificativa para que o secretário de saúde da cidade de São Bento – município onde a enfermeira especialista em urgência e emergência atua como coordenadora do hospital municipal – solicitasse à diretora da unidade que recebesse a profissional para um treinamento sobre as boas práticas de assistência.

Em cinco dias de imersão nas atividades da maternidade, Gabriella conheceu a estrutura física da unidade, os procedimentos da classificação de risco e transferências, acompanhou partos realizados nos quartos privativos (os quartos PPP’s), o setor de enfermarias e participou de uma roda de gestantes.

“É encantador como a prática da obstetrícia aqui na unidade respeita a individualidade das gestantes. Elas contam com ambiente confortável, ficam conhecendo seus direitos e planejam como será o parto, inclusive com escolha de músicas, se preferem um ambiente de luz escura, entre outros detalhes que fazem a diferença no conforto para a hora do parto”, destacou Gabriella.

Ela explicou também que o Hospital Municipal de São Bento conta com cinco enfermeiros e dois médicos, com sala para gestante, parto, pós-parto, centro cirúrgico e uma enfermaria. “Nossa primeira sugestão será a realização de uma roda de gestantes com a participação das mulheres acompanhadas pelos enfermeiros do programa Saúde da Família no município”, disse, animada.

“A vinda da Gabriella foi uma surpresa e bastante motivador para toda a equipe porque é uma forma de termos um retorno de que o trabalho que fazemos aqui é realmente humanizado e que valoriza a atuação sobretudo das enfermeiras-obstetras. A nossa expectativa é que essa experiência possa se tornar um projeto piloto também para outras maternidades”, finalizou Luciana Ferreira.

Referência em obstetrícia – A Maternidade Nossa Senhora da Penha é referência em atendimento ambulatorial, urgência e emergência obstétrica. A unidade de saúde realiza, em média, cerca de 150 partos por mês. O número de partos normais em comparação com cesarianas tem aumentado devido às atividades de conscientização e práticas de humanização. Todas as enfermeiras da unidade são obstetras e treinadas para realização dos partos com métodos não-farmacológicos.