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Atuação eficiente em emergências obstétricas é tema de encontro científico na Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão

02/05/2019

Capacitações têm contribuído para melhorar assistência à saúde evitando mortalidade materno-infantil

O rosto sorridente de Nayana Silva Freitas, 18 anos, mãe do pequeno Adam Miguel, internada no leito 42 da enfermaria obstétrica 13, expressa a importância da qualificação das equipes que atuam na Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão (MACMA), de São Luís. A jovem é um dos casos de emergência obstétrica atendidos na unidade gerenciada pelo Instituto Acqua  em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (SES). Emergência Obstétrica foi tema da 2ª etapa da Reunião Científica realizada na última terça-feira (30/04), no auditório da unidade.

Moradora da cidade de Buriti Bravo, no leste maranhense, Nayana deu entrada no hospital no último sábado (27/04), por volta das 5h da manhã. Ela percorreu 506 km e após sete horas dentro de uma ambulância foi recebida pelas equipes da MACMA onde foram prestados todos os atendimentos necessários que o caso requeria. Ela conta que as dores na perna esquerda seguido por sangramento a fizeram procurar atendimento médico.

“Eu estava com 32 semanas. Quando cheguei ao hospital na minha cidade, eu fui atendida, mas falaram que eu precisaria de outro atendimento. Eu sentia muitas dores. Ao chegar aqui nesse hospital [MACMA] fui logo atendida e fiz o ultrassom. Sei que a agilidade do médico fez com que meu filho pudesse estar vivo agora. Se esse hospital não existisse, meu filho poderia não ter sido salvo”, contou a jovem mãe.

Nayana foi avaliada e diagnosticada com Descolamento Prematuro de Placenta (DPP) após realizar um ultrassom obstétrico no consultório médico. Imediatamente, a atuação da equipe foi direcionada para o nascimento do pequeno Adam. Hoje pesando um 1,744 kg, o recém-nascido prematuro continua recebendo os cuidados médicos na UTI Neonatal. A mãe faz visitas diárias à UTINeo que reforça o Método Mãe-Canguru voltado para o cuidado humanizado ao recém-nascido de baixo peso. No local é estimulado o contato pele-a-pele precocemente, começando com o toque, evoluindo até a posição canguru, além de favorecer o vínculo da mãe com o bebê.

A supervisora do Acolhimento, Classificação de Risco e Centro de Parto, enfermeira Meire Lene Silva explicou o procedimento feito em casos de emergências como a da paciente Nayana. “Após a entrada pela emergência, é feito o boletim de atendimento na recepção. A paciente é acolhida pelo técnico de enfermagem, o qual sinaliza as emergências e encaminha para a classificação de risco. Após essa fase, as pacientes não consideradas de emergência são direcionadas ao consultório da enfermagem; as emergências de alto risco são encaminhadas imediatamente para o consultório médico. Lá, o médico verifica se é caso de internação ou encaminhamento para continuidade de pré-natal ou para solicitação de exame. Se ela for internada e precisar de um leito de UTI, ela vai ser referenciada para o Núcleo de Regulação e assim para a UTI. Se for para o Centro Cirúrgico, a  equipe já é avisada e iniciamos o trabalho; se for para o parto natural, ela vai para o Centro de Parto, onde damos o cuidado necessário”, detalhou.

Capacitação – O tipo de emergência obstétrica do caso clínico de Nayana foi abordado na 2ª etapa da Reunião Científica.  Além do DPP, a Hemorragia Pós-Parto (HPP) também foi debatida no encontro. A coordenadora de enfermagem do Instituto Acqua, Analamacia Brito, explicou aos enfermeiros e técnicos que participavam da capacitação, os  procedimentos e técnicas que podem ser realizadas para prevenir a morte materna. Ela lembrou o papel das equipes no olhar para as hemorragias no pós-parto. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que são registrados 140 milhões de casos de HPP graves no mundo por ano.

A coordenadora técnica de enfermagem do Acqua destacou ainda os fatores de risco para a HPP no anteparto e intraparto e as medidas preventivas da HPP. A MACMA é especializada em gravidez de alto risco, como por exemplo, pacientes com síndromes hipertensivas, eclampsia, diabetes gestacional e crônicas, hipertensão crônica, HIV, gravidez ectópica rota e molar, anemia falcioforme, má formação fetal, cardiopatas, além de casos de placentas prévias e hemorragias de modo geral de início ou durante toda a gestação.

Sala CUIDAR – Instalado na MACMA,  o serviço pioneiro da Sala CUIDAR integra as ações de enfrentamento à mortalidade materno-infantil em todo o estado,  com metodologia reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU). A primeira sala de atenção às urgências e emergências obstétricas do estado dá suporte 24h, todos os dias da semana, para 67 unidades de saúde de 60 municípios maranhenses que conduzem gestantes no estado. Seis enfermeiros obstetras especializados e treinados fazem o atendimento das ligações e conduzem a aplicação dos protocolos com metodologia orientada pela (OPAS/OMS).