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Cuidados paliativos é tema de palestra no Hospital Dr. Carlos Macieira (MA)

31/01/2020

Palestra integra processo de implantação de fluxograma no hospital para oferecer boas práticas em cuidados paliativos; a unidade de saúde é gerenciada pelo Instituto Acqua em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (SES)

Na sexta-feira (31/01), integrantes da equipe multiprofissional do Hospital Dr. Carlos Macieira (HCM), em São Luís (MA), participaram de palestra sobre cuidados paliativos, que tem como foco acompanhar e acolher pacientes crônicos.

De acordo com a médica paliativista do HCM, Vanise Barros Rodrigues da Mota, a palestra foi a primeira atividade organizada pelo hospital para implantar um fluxograma de atendimentos. “O fluxograma vai organizar o atendimento dos pacientes com doença ameaçadora de vida, risco de falecimento ou que vão ficar em adoecimento crônico e precisam retornar para casa. Nosso objetivo é primeiro implantar o protocolo e depois organizar o fluxograma”, explicou Vanise.

Mariany Melo Oliveira, médica geriatra e também paliativista, foi convidada pelo hospital para apresentar o tema aos profissionais de saúde. Ela iniciou trazendo reflexões sobre entendimento da morte, a partir de referências literárias, e a importância dos cuidados paliativos para as unidades de saúde, atualmente. O Maranhão é o segundo estado do país a ter legislação própria que regulamenta tal prática, a Lei Estadual Nº 10.584, de 2017.

“Nós não somos treinados para falar sobre a morte aos pacientes em sofrimento e pelos cuidados paliativos é possível encontrarmos soluções para oferecer qualidade de morte para estas pessoas”, disse Mariany.

A geriatra contou a história de atendimento a uma senhora, como exemplo da abordagem em cuidados paliativos. A paciente, de 83 anos, vivia junto com outra irmã idosa, sem filhos, em um apartamento. Depois de adquirir uma doença renal crônica, passou a ser atendida pela médica paliativista, a pedido de familiares.

Na abordagem, Mariany identificou diversos aspectos sociais, psicológicos e físicos que ampliavam o sofrimento da paciente. “A doença renal crônica já é um indicativo para cuidados paliativos. É uma doença incurável que leva à perda da funcionalidade. No caso da paciente, ela sofria mais ainda porque ela foi perdendo a vida social: saiu de uma casa para morar em apartamento, precisou usar cadeira de rodas, não recebia visitas, até o ponto dela não mais verbalizar o sofrimento e até o toque de alguém no corpo dela causava dores”, exemplificou.

Os cuidados paliativos são indicados para pacientes com doenças crônicas, degenerativas e cardiovasculares. Entre as boas práticas na abordagem, a profissional orienta a cumprir as seguintes diretrizes: ter uma avaliação interdisciplinar e holística, respeitar a espiritualidade, controlar os sintomas de dor, preservar a autonomia do paciente, dialogar com a família, oferecer dieta de conforto, educar sobre a morte e limitar o esforço terapêutico.

“O mais importante é o profissional entrar na lógica do paciente e sua história de vida, compreender que os princípios éticos estão acima da moral e dos valores religiosos e respeitar a autonomia deles, construir essa relação. O principal conflito do idoso nessa etapa da vida é o medo de ser oprimido pelos filhos ou parentes. Os cuidados paliativos nos ensinam que a morte é um processo natural e que a dor é um dos cinco sinais vitais”, finalizou Mariany Oliveira.

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