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Acqua promove campanha para abordar depressão entre profissionais em unidades de saúde no Maranhão

29/01/2019

Maternidade Nossa Senhora da Penha, Hospital Infantil Dr. Juvêncio Mattos e Casa de Apoio Ninar realizaram atividades; Acqua desenvolve trabalho para resgatar profissionais afastados por depressão 

Em São Luís (MA), o Hospital Infantil Dr. Juvêncio Mattos, Maternidade Nossa Senhora da Penha e Casa de Apoio Ninar – unidades de saúde gerenciadas pelo Instituto Acqua e Secretaria de Estado da Saúde (SES) – voltaram o olhar para o cuidado com o profissional de saúde, em alusão à campanha ‘Janeiro Branco’, de conscientização sobre a importância da saúde mental. 

A depressão entre os profissionais de saúde foi o tema abordado em palestra na Maternidade Nossa Senhora da Penha, na última quinta-feira (24/01). Funcionários da unidade de saúde puderam tirar dúvidas e receberam informações dos psicólogos Allan Linhares e Camila Barros, integrantes do Instituto Maranhense de Gestalt-terapia.

“Não fomos ensinados a ter inteligência emocional e lidar com frustrações, medos. Vivemos em uma sociedade que valoriza a felicidade em detrimento da tristeza. A tristeza é saudável e é um sentimento diferente da depressão, que é uma doença”, destacou Allan Linhares.

Durante a palestra, os psicólogos apresentaram dados de 2015 sobre pessoas com depressão no Brasil. O país ainda continua em primeiro lugar nos índices da América Latina e a doença atinge mais de 11 milhões de pessoas. Mulheres jovens, grávidas, em pós-parto e idosas são maioria entre o perfil de pessoas que sofrem com o problema. 

Por ser uma doença silenciosa e não ter sintomas físicos aparentes, a depressão muitas vezes é confundida com apatia ou indisposição. Os especialistas alertam para alguns comportamentos em pessoas com início de depressão, como o humor oscilante durante o dia, perda de interesse em hábitos antes satisfatórios, motivação reduzida, perda de autoconfiança, desesperança e pensamento de morte.

Em dezembro de 2018, uma técnica de enfermagem da maternidade foi acumulando ausências no trabalho por alguns dias. Inicialmente, a equipe da unidade não achou que houvesse problemas de saúde até a funcionária apresentar atestado médico com diagnóstico de depressão.

“Ficamos surpresos porque no dia a dia ela não apresentava nenhuma característica triste ou que indicasse um problema de saúde mental mais grave. Ela continua afastada temporariamente e essa ocorrência nos chamou atenção para debater o tema da saúde mental dentro da maternidade”, explicou Alessandra Passos, coordenadora de enfermagem da unidade.

Cuidar do cuidador – No Hospital Infantil Dr. Juvêncio Mattos, a psicóloga Marina Bentivi falou sobre o cuidado da mente como forma de cuidar da vida, na quarta-feira (23). “Muita gente não procura o atendimento psicológico porque associa os sintomas a outros problemas de saúde, sobretudo entre os profissionais da área que têm acesso maior a medicações. Nós temos uma cultura que ainda coloca como tabu a investigação da psiquê”, alertou.

Segundo Marina, o ofício de cuidar de alguém – função dos profissionais de saúde – exige muita sensibilidade e equilíbrio. “A mente não está separada do corpo. Ainda valorizamos mais o biológico que as outras dimensões da saúde humana”, complementou. 

Deilza Moraes, coordenadora de enfermagem do Juvêncio Mattos, destacou que na unidade existe uma preocupação em olhar com acolhimento para os próprios funcionários e também para mães e pacientes de internação a longo prazo. 

“Ao longo do ano, realizamos atividades pontuais, como rodas de conversa, ações que valorizam a autoestima como maquiagem e embelezamento, oferecemos trabalhos manuais como forma de arteterapia, realizamos momento de oração, tudo isso para aliviar as tensões e ansiedades que são causadas pela expectativa dos pacientes em retornar para casa”, falou Deilza.

Quatro funcionários da unidade apresentaram sintomas de depressão no ano de 2018. Um deles teve alta taxa de absenteísmo e sofreria a advertência contratual, quando a equipe de enfermagem interveio no auxílio levando o funcionário para atendimento a um psiquiatra. Com o diagnóstico da doença, ele deu início ao tratamento e voltou a cumprir a função com regularidade.

“O Acqua tem essa preocupação com a valorização profissional e o social dos funcionários. Após o fato ser constatado, toda a equipe se solidarizou, dando apoio emocional. A gente precisa ter esse olhar diferenciado para se conhecer e conhecer o outro e a campanha nos alerta a isso também”, pontuou Deilza.

Você é feliz? – A pergunta foi o mote para roda de conversa realizada na Casa de Apoio Ninar, na manhã de sexta-feira (25/01), coordenada pela psicóloga da unidade, Adriana Pacífico, com a participação dos funcionários.

Apresentando conceitos e reflexões da psicanálise, a psicóloga explicou que a noção de felicidade é subjetiva e bastante individual, um exercício diário ou um estado de ‘ausência de sofrimento’. 

Para a técnica de enfermagem Denilce Santos Ribeiro, a oportunidade de poder dialogar sobre as próprias emoções ajudou na organização dos sentimentos. “Amei, me ajudou a refletir sobre várias coisas que estão acontecendo em minha vida e isso ajuda também a gente a cuidar melhor das nossas relações e dos pacientes”, disse.

O autoconhecimento foi a mensagem final e compartilhada em todas as atividades do Janeiro Branco nas unidades de saúde do Acqua. “A partir da consciência de quem eu sou, de minhas capacidades e limites é que eu saberei lidar comigo e com as outras pessoas”, finalizou Adriana Pacífico.