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Ações realizadas pela Maternidade Nossa Senhora da Penha ajudam a organizar planejamento familiar de mulheres no Maranhão

09/01/2019

Em 2018, unidade realizou mais de 338 laqueaduras e 2.500 atendimentos de pré-natal

O controle da fertilidade é um direito social garantido pela legislação brasileira para que as mulheres possam organizar o momento mais adequado para ter filhos. Em São Luís (MA), a Maternidade Nossa Senhora da Penha, localizada no bairro do Anjo da Guarda, tem oferecido o serviço de planejamento familiar por meio de ações que integram a Política Nacional de Planejamento Familiar, do Ministério da Saúde.

O setor de assistência social da unidade recebe, mensalmente, 160 mulheres interessadas em evitar uma gravidez não planejada. A política nacional orienta que elas precisam ter idade de 25 anos ou mais, dois filhos vivos ou estar na terceira gestação, como explica a assistente-social da maternidade, Marilda Maciel de Almeida Cavalcante.

“A maioria chega aqui referenciada pelas unidades básicas de saúde, conselhos e associações comunitárias desejando o método definitivo, a laqueadura, e aqui informamos sobre outros métodos contraceptivos, como o preservativo, o dispositivo intrauterino (DIU), adesivos hormonais, anticoncepcionais, e a orientar sobre como organizar melhor o controle da fertilidade”, explica Marilda.

Fatores econômicos, traumas no parto e abandono afetivo são as principais motivações de quem recorre à anticoncepção. As exceções para obrigatoriedade da laqueadura são os casos de risco de morte, por meio de laudo médico comprobatório, e liminares judiciais a mulheres com dependência do uso de drogas.

“A gravidez indesejada coincide geralmente com outras situações, como o desemprego, a separação do casal e outros fatores. Se a mulher for casada, é necessário o consentimento do cônjuge e orientamos também sobre a vasectomia aos homens (procedimento que interrompe o fluxo de espermatozoides produzidos nos testículos). Se a mulher for solteira, viúva, separada ou divorciada, ela só precisa de uma testemunha que comprove seu desejo de se submeter à cirurgia”, pontua Marilda.

Em doze meses foram realizadas 338 laqueaduras na maternidade. A documentação necessária é registro civil, cartão do SUS, comprovante de residência, documentos dos filhos e da testemunha. O procedimento é simples e dura cerca de 40 minutos. Nela, as trompas são cortadas e suas extremidades amarradas, impedindo a descida dos óvulos e a subida dos espermatozoides. Foram concretizadas ainda 60 mil consultas multiprofissionais, 23,5 mil consultas médicas e mais de 42 mil exames gerais em 2018, além de 1.627 partos (sendo 866 normais).   

Avanços na gestão – O planejamento familiar integra a política de ações de saúde da unidade que tem avançado na qualidade de vida dos moradores da região do Itaqui-Bacanga, onde habitam mais de 135 mil pessoas.

Na maternidade são realizados, em média, de 138 a 156 partos por mês. Além do pré-natal, a implantação de práticas de humanização, como pintura de barriga e da placenta, métodos não-farmacológicos, garantem conforto e bem-estar para as gestantes. Em 2018, foram organizadas duas turmas de rodas de conversa com gestantes que são informadas sobre todo o processo do parto e certificadas ao completar o ciclo da gravidez.

Daiane Ferreira Santos, 25 anos, pariu o menino Levi em 28 de novembro. Durante o trabalho de parto, as enfermeiras atuam no equilíbrio emocional com a pintura da barriga da gestante. “Esse acolhimento é muito importante, a gente é sempre bem recebida. Eu fiz o pré-natal aqui na maternidade. É meu terceiro filho e o cuidado foi totalmente diferente”, falou.

A enfermeira-obstetra Sayna Adriana explica que a pintura só é feita mediante autorização da paciente. “É uma forma de carinho, de aliviar a tensão da expectativa. O desenho acompanha a posição do bebê na barriga e a tinta é adequada para a pele. Também pintamos a placenta, decalcamos e entregamos num papel após o parto como um registro artístico desse momento”.

Estrutura – A maternidade funciona com um quarto PPP individualizado (pré-parto, parto e puerpério imediato) equipado com banheira, bola suíça, musicoterapia, penumbra e acompanhamento de doulas e outros dois quartos compartilhados. Em dezembro, a maternidade inaugurou mais dois quartos privativos.

Aline dos Santos Barros, 23 anos, teve a pequena Jamile Barros no quarto PPP. “Eu senti dor e muitas contrações que foram aliviadas com a ajuda das enfermeiras, sempre conversando comigo, conduzindo massagens e técnicas de relaxamento”.

Ela já saiu da maternidade com a certidão de nascimento da filha em mãos. Esse serviço foi implantado em outubro com a inauguração do Posto de Registro Civil de Nascimento. Além disso, a unidade conta também com o programa 'Pequeno Maranhense', que consiste na entrega de uma bolsa com kit para os primeiros cuidados com o recém-nascido e o projeto 'Primeiro Olhar', com entrega de registro fotográfico do recém-nascido.

“A maternidade foi criada de forma comunitária há mais de seis décadas. Hoje é gerenciada pelo Acqua em parceria com o Governo do Estado, mantendo esse acolhimento e oferecendo serviços com qualidade. Este ano, realizamos mais de 2.500 atendimentos de pré-natal e 90% das mulheres decidiram realizar o parto aqui, o que representa um grande avanço, além da inauguração do posto de registro civil”, comentou a diretora-geral Luciana Ferreira, que assumiu o cargo em maio deste ano.