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Cresce número de partos normais comparados a cesáreas em unidades do Maranhão

14/12/2017

Capacitação de equipes multidisciplinar, unidades de referência e acesso à informação ajudam a definir escolhas das futuras mamães

Mais da metade das brasileiras deseja um parto normal no início da gravidez, mas com o tempo são desencorajadas. O medo da dor do parto e a imprevisibilidade do processo são os dois principais fatores que levam elas a optarem pela cesariana. Esse, ao menos, é o mais recente resultado de pesquisa da OMS (Organização Mundial da Saúde).

A falta de informação às mulheres para que possam se preparar adequadamente para o parto é também motivo intenso. Isso faz com que a maioria delas escolha a opção vista como a mais "comum", a cirurgia cesariana, com data e horário marcados na maternidade ou hospital. Mas o fato é que, em alguns casos, muitas mulheres nem sempre estão longe de violências obstétricas.

Sob gestão do Instituto Acqua em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde do Governo do Maranhão, unidades de saúde têm adotado mecanismos humanitários para incentivar o parto normal. A Maternidade Nossa Senhora da Penha, em São Luís (MA), se destacou neste ano por capacitar seus enfermeiros para a realização de partos normais e humanizados. No total, de janeiro a dezembro, foram 1.009 partos normais e 618 cirurgias de cesárea, diferença de 391 procedimentos.

Outro dado importante foi obtido na Maternidade Benedito Leite. Nos últimos doze meses foram 2.949 partos normais e 2.163 cesáreas, o que resulta em 786 procedimentos naturais acima. Já o Hospital Regional de Balsas, inaugurado em setembro, até este mês efetuou 319 partos, sendo 186 normais e 133 cesáreas.

A Maternidade Marly Sarney, também em São Luís, é a única unidade que ainda registra alto índice de cesáreas. De janeiro a dezembro, 2.958 mulheres tiveram de passar por cesárea e outras 2.487 realizaram partos normais. Os números mais altos de procedimentos cirúrgicos se justificam em razão da unidade ser a referência no Estado para partos de alto risco, o que muitas vezes dificulta a realização do parto normal.

Andreia Oliveira, psicóloga do ambulatório da unidade Marly Sarney, explica que a maternidade conta com atendimento diferenciado para proporcionar o máximo de cuidado para as mães. “As gestantes que realizam pré-natal aqui recebem acompanhamento ambulatorial com a equipe de psicologia. Como todas as novas mães têm direito a consulta no pós-parto, se for identificado algum caso de depressão pós-parto a pediatra encaminha e a equipe faz a escuta. Dependendo do caso, são realizadas intervenções psicológicas, sempre buscando o bem-estar da mãe e do filho”, detalhou.

Além do acompanhamento com as gestantes no pré-natal e pós-parto, os profissionais da UTI neonatal da Marly Sarney realizam oficinas de confecção de material para o enxoval do bebê, o que tem facilitado a aproximação das mães com os recém-nascidos.

Zelo – As três unidades maranhenses também adotam práticas que beneficiam as gestantes. Os profissionais capacitados promovem rodas de conversas com as grávidas para fornecer orientações sobre os períodos de gestação, parto e pós-parto. A programação de encontros incluiu ações educativas e atividades práticas, além de abordar temas como o aspecto psicológico da gestante, cuidados com o recém-nascido da UTI neonatal, nutrição do bebê e da gestante, trabalho de parto, planejamento familiar e vacinas, entre outros.

Para o caso das mulheres que optaram pelo parto humanizado, as equipes de saúde realizam diversos exercícios destinados a ajudar no processo de evolução do trabalho de parto. Com a ajuda de um profissional de fisioterapia, as gestantes aprendem a forma correta de respiração e utilizam a bola suíça, que contribui para a descida fetal. Elas também realizam movimentos no quadril e exercícios de agachamento. Para auxiliar no relaxamento das futuras mães, as fisioterapeutas fazem massagens com óleo específico na região lombar.

Após o trabalho de parto, as mães são encaminhadas para as enfermarias. No setor, além da equipe médica de pediatras, as parturientes recebem a visita de rotina de assistentes sociais, nutricionistas, psicólogas, ouvidora da unidade e enfermeiros.