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Pacientes com microcefalia atendidos pela Casa de Apoio Ninar recebem procedimento que serve como base para pesquisa sobre o Zika

04/01/2018

 Exames de retinografia irão ajudar pesquisadores a compreenderem os desafios para tratar a Síndrome Congênita do Zika Vírus

A Casa de Apoio Ninar, sob gestão compartilhada entre Instituto Acqua e Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão, realiza exame especial de retinografia em crianças com microcefalia cujas mães contraíram o Zika Vírus na gravidez. A proposta é adquirir informações precisas que servirão como base para pesquisas de saúde pública sobre a Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZv).

O exame é um registro fotográfico do fundo de olho da criança, no qual são avaliados nervo ótico e retina. O retinógrafo usado na Casa de Apoio Ninar tem um campo ampliado de visão para 130 graus e pertence à Universidade Federal do Maranhão (UFMA), parceira no estudo.

“A parceria com a UFMA nos permite unir a pesquisa à assistência. Ele serve para documentar as alterações oftalmológicas em crianças com SCZv. Contudo, seu uso também foi aberto para todas as outras síndromes ou patologias do sistema nervoso”, destacou a diretora da Casa de Apoio Ninar, Patrícia Sousa, neuropediatra que também integra a equipe de pesquisadores que estuda a SCZv na universidade federal.

Raellen Rocha dos Santos, de 1 ano e 11 meses, natural de São Benedito do Rio Preto, é uma das crianças que participam do procedimento. Para a mãe da menina, Ranielle de Sousa, o exame disponível na Casa de Apoio Ninar pode ajudar no tratamento da filha. “Sabendo diagnosticar cedo, tem como tratar precocemente essas lesões. E isso tem um resultado muito grande no desenvolvimento da criança”, afirmou.

Elaine de Paula Fiod Costa, oftalmologista da Casa de Apoio Ninar e especialista em retina, explica que entre 40% e 50% das crianças com microcefalia, independente da causa, apresentam lesões na retina e nervo óptico, que, por sua vez, podem resultar na diminuição da visão ou até mesmo cegueira. Em pacientes com SCZv, o número aumenta para 55%. “Diferente dos adultos, que ficam parados olhando para um foco, as crianças são menos colaborativas. Por isso, ele é específico para as crianças. Ele faz um filme e, baseado nele, conseguimos as fotos que precisamos para a análise”, explicou.

A Casa de Apoio Ninar se tornou referência em atendimento na região de São Luís, realizando 49.218 atendimentos e atendendo 194 famílias de todas as regiões do Maranhão em seis meses de funcionamento. Ao longo desse período, a unidade também registrou 5.013 consultas médicas, 2.553 procedimentos de enfermagem – como medicação e pesagem –, 5.332 terapias individuais e 3.542 em grupo, 594 exames e 15.448 atendimentos de fisioterapia e fonoaudiologia.

Fotos: Julyane Galvão/SES