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Sorrir atende imigrantes africanos em ação humanitária do Governo do Maranhão

25/05/2018

Tratamentos de média complexidade foram oferecidos ao grupo formado por 25 pessoas

Sede, fome, medo. Com o coração alimentado pela esperança e resistência, 25 africanos, naturais de Serra Leoa, Nigéria, Guiné e Senegal, desembarcaram na cidade balneária de São José de Ribamar, na região da Grande São Luís (MA), em 19 de maio. O grupo partiu de Cabo Verde e, após 33 dias de viagem pelo Oceano Atlântico, a embarcação apresentou problemas, deixando a tripulação à deriva durante cinco dias. Em apoio humanitário do Governo do Estado, os imigrantes foram recebidos com atendimento médico especializado e odontológico.

A iniciativa integra as atividades da Unidade de Especialidades Odontológicas do Maranhão (Sorrir), gerenciada pelo Instituto Acqua em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão (SES), que, na quarta-feira (23/5), deslocou profissionais para avaliação odontológica dos africanos abrigados no Ginásio Costa Rodrigues, no centro da Capital maranhense.

Cirurgiões dentistas foram destacados excepcionalmente, e fora da escala, para atendimento dos imigrantes, sem impactar nos agendamentos e procedimentos emergenciais da população. Durante toda a manhã, nove africanos passaram por procedimentos no Sorrir. Os demais serão recebidos neste sábado (26/5), sem impacto na agenda de atendimento da unidade.

“O Sorrir, neste momento, ratifica sua importância social. O Maranhão, pelo seu lado, demonstra respeito à Constituição Federal e aos tratados internacionais. A unidade dá aos imigrantes toda atenção possível, garantindo tratamento completo com serviços de restauração, profilaxia e exodontia”, explicou Allan Patrício, coordenador de Saúde Bucal do Estado.

Para o imigrante Muctarr Mansaray, 27 anos, natural de Serra Leoa e estudante de Ciências Tecnológicas da Universidade de Cabo Verde, o sofrimento da travessia foi amenizado com a acolhida. “Nós viemos em busca de condições melhores. Na África há uma soma de problemas e poucas oportunidades de trabalho. Eu preciso trabalhar para estudar porque meu sonho é ser professor. Então, um amigo de Cabo Verde, que está em São Paulo, me falou da oportunidade de continuar os estudos em universidade pública e de qualidade. Na chegada tivemos esse problema na embarcação, que obrigou o desembarque aqui, mas fomos muito bem recebidos e o atendimento do Sorrir é ótimo. As pessoas têm muito bom coração, nos dão assistência e nos visitam. Recebemos muito apoio e somos respeitados como jovens corajosos”, ressaltou.

Desde a chegada do grupo, diversos órgãos, como Corpo de Bombeiros, Polícia Federal, SES e Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), por exemplo, estão em mobilização para oferecer assistência humanitária e auxílio nos trâmites legais. “Conseguimos trazer esses parceiros para o atendimento humanitário. Neste momento, fazemos este trabalho até que seja definida pela Polícia Federal a situação de cada estrangeiro. Nós estamos unindo esforços para que eles tenham uma acolhida tranquila, levando em consideração todo o sofrimento pelo qual passaram em seus países de origem, no trajeto e na chegada em local não programado”, ressaltou a assistente social e coordenadora do Centro de Apoio a Vítimas, da Sedihpop, Fernanda Macedo.

Os 25 africanos aguardam o resultado do pedido de refúgio solicitado ao Departamento de Imigração da Polícia Federal. Caso deferido, o próximo passo será a emissão de RG e carteira de trabalho.

Sorrir – Com capacidade para 4 mil atendimentos mensais, a Unidade de Especialidades Odontológicas do Maranhão (Sorrir) funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, e aos sábados, das 8h às 12h. É a primeira unidade do Maranhão que oferta atendimento em nível de média complexidade, ou seja, realiza procedimentos que não são feitos nas Unidades Básicas de Saúde.