Hospital Dr. Carlos Macieira (MA) recupera autoestima de pacientes com deformidade maxilofacial

07/03/2021

Hospital gerenciado pelo Instituto Acqua em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (SES) realiza atendimentos pelo Serviço de Deformidades MaxiloFacial

A busca por estética facial que atenda aos desejos de beleza se tornou fetiche no mercado cosmético. Para pessoas que nasceram com deformidades maxilofaciais, esse tipo de cirurgia contribui para resgatar a dignidade da existência com saúde e autoestima revigorados. No Hospital Dr. Carlos Macieira (HCM), na capital maranhense, profissionais especializados realizam cirurgias de alta complexidade para pacientes adultos com fissuras labiopalatinas.

Foi o caso da paciente Eliane Rodrigues de Sampaio Pacheco, 35 anos, natural da cidade de Santa Luzia do Paruá, no Maranhão. Ela foi internada no hospital gerenciado pelo Instituto Acqua em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), em 25 de fevereiro, e no mesmo dia fez a tão sonhada cirurgia corretiva conduzida por equipe multidisciplinar coordenada pela cirurgiã bucomaxilofacial Ingrid Araújo Oliveira, que tem 16 anos de experiência nessa especialidade cirúrgica.

“Estava esperando essa cirurgia há dois anos e estou muito feliz. Vai melhorar a minha mastigação, a mandíbula que era afastada do maxilar e melhorar muito minha autoestima. Depois de 4 dias de operação já consigo me alimentar bem, escovar os dentes e tomo bastante medicação para não sentir dor nesse momento do pós-operatório”, disse Eliane.

A recuperação de Eliane é monitorada diretamente pela cirurgiã. Afinal, todo o procedimento cirúrgico exigiu trabalho minucioso de reconstrução da boca e da face. “Nas cirurgias ortognáticas nós temos que fraturar todos os ossos da face – maxilo, mandíbula e mento – para recolocar em posição nova. É um trabalho calculado milimetricamente por um programa de computador que faz o planejamento da cirurgia e imprime um guia, um mapa de execução da cirurgia para termos mais precisão no resultado”, explicou Ingrid Araújo.

O procedimento foi acompanhado por três especialistas, incluindo os cirurgiões Carolina Malta (cirurgiã bucomaxilofacial) e Júpiter Newler Lopes Duarte (cirurgião estético), e durou 5 horas. Na cirurgia de Eliane havia um recuo de nove milímetros da mandíbula, considerado bastante complexo. Não houve cortes fora da boca para evitar cicatrizes externas. Os cirurgiões usam equipamentos diversos, como serras, placas e parafusos cirúrgicos de forma calculada e adaptados para a intervenção em cada paciente.

Tratamento – Pessoas como Eliane, que possuem diagnóstico de fissura labiopalatina unilateral completa, precisam de acompanhamento durante diferentes fases da vida, desde o nascimento. A equipe de pesquisadores que incluem os cirurgiões que atendem no Carlos Macieira estão desenvolvendo estudos para entender melhor porque crianças nascem com as fissuras, a partir do perfil de análise das gestantes ainda no pré-natal. De acordo com dados sobre a doença, a questão ambiental é mais relevante que o componente genético.

A Rede Estadual de Saúde do Maranhão conta com o Serviço de Deformidades MaxiloFaciais integrando quatro unidades de saúde gerenciadas pelo Instituto Acqua: o Hospital Dr. Carlos Macieira, o Hospital Infantil Dr. Juvêncio Mattos, a Unidade Sorrir e a Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão.

“Todo paciente com fissura tem um crescimento deficitário da face e deve ser acompanhado do nascer até os 18 anos, geralmente. O fluxo inicia ainda na Maternidade de Alta Complexidade, porque o diagnóstico é intrauterino para os bebês que vão nascer fissurados. Logo que ele nasce, já é regulado para o Hospital Juvêncio Mattos para iniciar o tratamento até os 12 anos de idade. Depois, passa a ser acompanhado no Hospital Dr. Carlos Macieira”, esclareceu a cirurgiã.

As duas primeiras cirurgias são feitas com 6 meses de idade e depois com 1 ano. São intervenções no lábio (a quiroplastia) e no palato. Com 4 anos de idade o paciente é encaminhado para ortodontista (dentista responsável pelo crescimento da face). Na Sorrir, os atendimentos são feitos pelo especialista Rafael Maia. A partir dos 6 anos, os fissurados recebem um aparelho dentário que prepara a boca para a cirurgia definitiva, aos 18 anos. Antes, na idade entre 10 a 14 anos, é feito um enxerto ósseo, para unir a maxila segmentada. A cirurgia ortognástica é a última etapa.

Nessa etapa de pós-operatório, Eliane Pacheco está usando alguns elásticos nos dentes, no primeiro mês. Um desconforto mínimo para quem já fez 4 cirurgias ao longo da vida. “Já tive depressão também. Com essa cirurgia eu vou poder voltar a estudar, trabalhar, vai melhorar minha comunicação e meu sonho é poder cursar Psicologia”, disse a paciente.

Atendimentos – Com a pandemia, os atendimentos estão reduzidos. Ainda assim, a equipe realiza três procedimentos cirúrgicos por semana no Hospital Dr. Carlos Macieira e no Hospital Infantil Dr. Juvêncio Mattos. Segundo a especialista, os fissurados que não passam pelo tratamento vivem com bastante dificuldade de comunicação e interação social. O acolhimento das famílias, desde o nascimento dos pacientes, é igualmente importante que os procedimentos cirúrgicos.

Pacientes fissurados são acompanhados por multiprofissionais da Odontologia, Medicina, Enfermagem, Fisioterapia, Psicologia, Fonoaudiologia e Nutrição. Após as cirurgias, os pacientes conseguem recuperar a fala e muitas vezes até a audição.