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Hospital Dr. Jackson Lago (MA) é referência regional em práticas humanizadas

29/08/2019

No Hospital Regional Dr. Jackson Lago, em Pinheiro, no Maranhão, familiares permanecem ao lado do paciente pelo tempo que ele permanece internado; carinho e atenção têm contribuído para melhora clínica

O ambiente da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), setor assistencial de alto risco de um hospital, é visto por muitos como um local de angústia e sofrimento, tanto para pacientes quanto familiares. Mas essa percepção passa por mudanças nos últimos anos. Novas formas de gestão e ferramentas têm emergido e auxiliado no gerenciamento de unidades de saúde. No Hospital Regional da Baixada Maranhense Dr. Jackson Lago, na cidade de Pinheiro, distante 341 km da capital São Luís, a humanização no cuidado de pacientes da UTI já é realidade. A unidade gerenciada pelo Instituto Acqua em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (SES) implementou um projeto inovador que acolhe acompanhantes dos pacientes internados na UTI. Agora, quem requer atenção pode ter o carinho e apoio da família diariamente. A prática, segundo médicos intensivistas, tem contribuído para uma melhora clínica dos pacientes.

O sorriso do agricultor Sebastião Abreu, 39 anos, residente no município Apicum-Açu, 304 km de São Luís, ao lado da mãe, Agemira Abreu, expressa o tamanho da importância que o projeto tem apresentado na vida dos usuários atendidos. “Fui bem recebido aqui no hospital. Eles [equipe médica e de enfermagem] tiveram muito cuidado comigo. Após passar por vários hospitais, já estava desesperado e ainda bem que fui transferido aqui para Pinheiro. Minha mãe sempre esteve ao meu lado. Ela pegava na minha mão, me abraçava”, lembrou emocionado o paciente que já teve alta da UTI.

Com um olhar de alívio e esperança na recuperação do filho, Agemira Abreu, 59 anos, conta como foram os dias ao lado do filho na UTI. “Me deixar ficar perto do meu filho foi uma coisa muito boa. Sempre depois de ajudar no banho e passar um creme nele, dizia para ele que estava na hora de descansar. Mostrar esse amor de mãe para um filho é importante. Lá [naUTI] via outros acompanhantes, quando o marido estava doente, a esposa estava lá ou então era outro parente”, comentou a mãe que esteve durante toda a permanência de Sebastião na Unidade de Terapia Intensiva.

A humanização é um conjunto de iniciativas que dentro da UTI visa a produção de cuidados ao paciente em estado crítico capaz de conciliar a tecnologia com o acolhimento necessário. O respeito cultural e ético ao paciente, com espaços de trabalho favoráveis ao bom exercício técnico dos profissionais de saúde e a satisfação dos usuários estão entre as normativas.

O objetivo de aprimorar o processo de humanização dentro do Hospital Regional prevê ainda melhorar práticas na assistência ao paciente, possibilitando uma melhor e mais rápida recuperação com a participação ativa do familiar no processo de restabelecimento da saúde. Francineide Borges da Silva, 35 anos, natural de Carutapera, cidade do oeste maranhense, que acompanha o irmão José Correia Sodré, 29, também exemplifica os ganhos da presença do familiar na UTI. “É muito importante acompanhar aqui [na UTI]. Se temos dúvidas, a gente pergunta e os médicos respondem. Por exemplo, se precisar de uma autorização, assinatura da família, quando estamos aqui podemos fazer logo e não dificultar o atendimento”, comentou.

A enfermeira e supervisora da UTI, Osinete Lira Ferreira, explicou um dos objetivos do projeto. “A humanização da UTI visa acolher o acompanhante ao lado do seu familiar, buscando a melhora clínica e psicológica do paciente. Essa presença ajuda na alta antecipada, porque o paciente se sente acolhido tendo o familiar mais próximo. Então, o psicológico já fica mais preparado e se sentindo confortável. Assim, ele melhora e vai logo recebendo a alta, de acordo com o tratamento clínico-terapêutico implantado”, detalhou.

A UTI do Hospital Regional Dr. Jackson Lago é composta por 12 leitos. Cada leito é protegido por uma cortina que faz o isolamento e oferta privacidade ao paciente e acompanhante. Nos atendimentos, os quais a equipe de saúde precise realizar algum procedimento que deixe o paciente exposto, a cortina é fechada para isolar dos demais. Banho no leite, curativos, passagem de sondas, até algum procedimento de reanimação de parada cardiorrespiratória, os outros leitos não têm acesso visual ao procedimento.

A prática humanizada dentro da UTI segue metodologia embasada em conhecimentos científicos como explica a médica Ana Claudia Pinto de Carvalho, coordenadora-médica da UTI. “A presença do acompanhante gera mais confiança para a família. E a participação do familiar no processo de recuperação do paciente é importante ainda para a dinâmica do serviço de terapia intensiva, uma vez que ele observa como o paciente está sendo tratado e quais os procedimentos estão sendo realizados. Além desse aspecto, a taxa de infecção relacionada à assistência é baixa na UTI do Regional Dr. Jackson Lago, isso se deve a inserção de novos processos, instituição de protocolos e ainda a presença de uma equipe qualificada e especializada na UTI”, explicou.

Fluxograma
A humanização da UTI segue um fluxograma preestabelecido. O familiar ao chegar à unidade é recebido pelo Serviço Social e encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva. No local, ele é acolhido e após admissão do paciente pelo setor é disponibilizada uma poltrona para o acompanhante.

Ações educativas reúnem as equipes de enfermagem da UTI e do Centro de Controle de Infecções Hospitalar (CCIH) para orientar os acompanhantes sobre alguns aspectos particulares da UTI. Folder educativo é entregue a cada acompanhante contendo informações sobre a rotina dentro da Unidade de Terapia Intensiva: como não utilizar smartphone e evitar circular em outros leitos e ter contato com outros pacientes para não haver infecção cruzada.

Ação multidisciplinar
Na gestão de uma UTI humanizada é realizado o Round Multidisciplinar. Nesse tipo de prática de assistência, a equipe composta por profissionais de diversas áreas elenca problemas relacionados aos pacientes e estabelecem metas a serem atingidas pela equipe multiprofissional. Todos os dias, às 14h, são feitas reuniões beira-leito com a presença de médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, fisioterapeuta, odontologista, nutricionista,
psicólogos, assistente social, do CCIH.

A participação nas discussões diárias do Round Multiprofissional é uma experiência relevante para a prática clínica, auxiliando no compartilhamento de decisões, subsidiando a segurança do paciente, sobressaindo a qualidade da assistência, e tendo como foco principal os pacientes e familiares atendidos.

Além da prática de humanizar a UTI, o Hospital Regional da Baixada Maranhense, referência em atendimento de média a alta complexidade, também realiza ações de musicoterapia. A experiência tem resgatado a autoestima de pacientes e acompanhantes levando alegria e descontração a pacientes internados.

 

 

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