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Paciente internado no Hospital Dr. Carlos Macieira (MA) recebe visita do filho, após avanço no tratamento paliativo

08/05/2021

Francisco da Silva, 58 anos, em tratamento de AVC, verbalizou o nome do filho de 4 anos; a visita integra ações de humanização no Hospital Dr. Carlos Macieira, gerenciado pelo Instituto Acqua e SES

Após 7 meses de internação em tratamento das sequelas de um acidente vascular cerebral (AVC), Francisco Pereira da Silva, 58 anos, verbalizou uma palavra: João. O gesto mínimo abriu espaço para que a equipe de cuidados paliativos do Hospital Dr. Carlos Macieira (HCM), em São Luís (MA), mobilizasse uma etapa importante na assistência diferenciada que tem o tratamento paliativo. O hospital é uma das unidades de saúde gerenciadas pelo Instituto Acqua em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (SES).

João Gabriel é o nome do filho caçula de Francisco, e tem 4 anos de idade. Na semana passada, ele chegou sorridente no hospital para fazer a segunda visita ao pai, acompanhado da mãe, a técnica de enfermagem Rosalina Coluna Carvalho, de 29 anos. O encontro foi estimulado pelos profissionais do ambulatório especializado em cuidados paliativos do HCM, que acompanharam o abraço entre a família e os estímulos que o paciente respondeu ao afeto.

Poliana Braga, psicóloga que integra a equipe do ambulatório, explica que a assistência de um paciente em cuidados paliativos exige uma abordagem mais ampla, e que os hospitalizados têm uma dependência maior e precisam de um suporte mais específico.

“O paciente paliativo não significa que está à beira da morte. São pacientes que geralmente têm algum tipo de comorbidade. Isso inclui, por exemplo, os diabéticos, que tratam da saúde com acompanhamento e seguem com qualidade de vida. Nós trabalhamos sobretudo o reforço da rede de apoio na assistência, considerando que a família é também um colaborador no tratamento da saúde do paciente”, explica.

A segunda visita de João foi um pedido do garoto. O contato entre os dois durante a internação do pai era sempre por videochamada até o primeiro encontro no hospital.
“O Francisco, logo após a retomada da fala, não conseguia se expressar corretamente. A fonoaudióloga foi recuperando com ele algumas palavras e o nome do filho foi compreendido. Ele responde melhor na presença da esposa, e tudo isso é considerado na assistência”, ressaltou a psicóloga.

Francisco foi internado dia 1° de outubro de 2020. Ficou longo tempo intubado, passou por traqueostomia, e aos poucos tem conseguido pequenos avanços, como conseguir comer pela boca, firmeza na fala, lembrança de alguns fatos que aconteceram. Ele é uma das 22 pessoas que atualmente são acompanhados pelo ambulatório de cuidados paliativos. Para incluir o paciente na assistência paliativa, o hospital adota critérios que iniciam a partir do diagnóstico de uma doença crônica ou incurável e prosseguem avaliando que tipos de cuidados a pessoa necessita, qual a fase da doença, a funcionalidade atual e prévia do paciente, como esclarece a médica Vanise Barros Rodrigues da Mota.

“As fases do cuidado paliativo são diversas. O fato de uma pessoa ter doença incurável não significa que ela vai morrer naquele momento. Inclusive eu tenho pacientes em ambulatório que convivem com suas doenças por muitos anos e seguem em acompanhamento. A gente tem um tipo de medicina que progrediu muito e se tornou técnica, afastou-se do que seria a humanização”, disse Vanise.

Rosalina Carvalho e Francisco vivem juntos há 9 anos. Ela acredita que a sobrevivência do marido é um milagre. “Eu acredito nisso. Ele era um homem bem ativo. O acidente fez ele perder os sentidos, ficar inconsciente. E tenho muita fé que ele vai se recuperar, não totalmente, mas minimamente no que é possível. Tenho aprendido com a equipe a cuidar dele, dar conforto. Estamos indo para uma casa adaptada e ficaremos acompanhados em família, com esse suporte, sabendo que a responsabilidade é muito grande”, refletiu.

Francisco da Silva aguarda indicação de alta, após avaliação dos últimos exames. A expectativa é que ele vá para casa ainda no mês de maio.

Ambulatório estadual especializado – O serviço de cuidados paliativos no HCM funciona de segunda a sexta. A equipe multiprofissional atende a famílias de pacientes no ambulatório, coordenado pela enfermeira Thamyres Martins e, às terças e sextas, a médica Vanise da Mota realiza os atendimentos mais específicos.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define cuidado paliativo como abordagem que promove a qualidade de vida dos pacientes (adultos e crianças) e seus familiares, que enfrentam doenças ameaçadoras da vida. Previne e alivia o sofrimento por meio da identificação precoce, avaliação correta, tratamento da dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais (aqui, compreendido como um conceito mais amplo que o da religião). São doenças como o câncer, demência avançada, fibrose pulmonar grave, insuficiência cardíaca ou respiratória grave, cirrose que não é possível o transplante, entre outros agravos.

O Governo do Maranhão promulgou lei estadual, em 2019, com diretrizes estaduais de implementação de cuidados paliativos de pacientes com doenças ameaçadoras de vida, a Lei 11.123, de 07 de outubro de 2019. De acordo com o texto da lei, o serviço tem como finalidade “reafirmar a vida e a morte como processos naturais, a melhoria da qualidade de vida das pessoas e seus familiares, por meio da identificação precoce, prevenção e alívio do sofrimento físico, social, emocional e espiritual”.

 

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