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Prevenção ao suicídio é tema de roda de conversa no Hospital Infantil Dr. Juvêncio Mattos (MA)

17/09/2019

Direcionada aos profissionais de saúde, atividade integra a campanha Setembro Amarelo nas unidades gerenciadas pelo Instituto Acqua em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (SES) do Maranhão

O Hospital Infantil Dr. Juvêncio Mattos, em São Luís (MA), reuniu profissionais e colaboradores para uma roda de conversa sobre prevenção ao suicídio na última segunda-feira (16/09). O diálogo foi mediado pela diretora-clínica do hospital, Ianik Leal, com a participação das psicólogas Marina Bentivi, Toshimi Passos, e da médica Diessika Halvantzis. A unidade é gerenciada pelo Instituto Acqua em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (SES) do Maranhão

“A iniciativa do hospital é a abertura para o diálogo sobre um tema que ainda é considerado um tabu. Dedicamos e preparamos esse ambiente para ouvir e refletir usando a simbologia do girassol que permanece vivo em dias de sol, alimentado por essa energia e, em dias nublados, ele se vira para o outro, para trocar a energia entre as próprias flores”, destacou a diretora-administrativa da unidade, Andréa Oliveira, na abertura da atividade.

A psicóloga Marina Bentivi apresentou dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) que apontam os diversos motivos identificados como possíveis causas para o suicídio. Considerado o terceiro maior fator de morte no País, o suicídio tem se tornado uma epidemia nos últimos anos atingindo crianças, jovens e adultos. Para ela, o primeiro lugar para o diálogo deve ser em família.

“O suicídio está muito longe de ser uma prática de descontrole ou ato de loucura e as pessoas com ideação suicida nem sempre vão expor ou pedir ajuda de forma objetiva. Por isso é muito importante termos essa atenção inicialmente dentro da família. Passamos por diversos desafios no desenvolvimento humano e acreditamos que ela é a base. O suicídio é uma epidemia dos últimos anos por crise das relações sociais e exacerbação do individualismo”, falou Marina.

Entre os fatores de risco estão os traumas, abusos físicos ou sexuais, problemas com funcionamento da família, relações sociais e sistemas de apoio, estresse social, as pessoas que vivem em grupos vulneráveis (étnicos, LGBT’s, entre outros) ou as que têm sentimentos de baixa autoestima, de desesperança ou necessidade de isolamento.

Trabalho e saúde mental – Marina Bentivi ressaltou a importância dos cuidados com a saúde mental que os profissionais de saúde e instituições devem ter devido ao fator de risco associado ao ambiente profissional – o estresse social. As relações de trabalho ocupam as pessoas e suas relações sociais com direcionamento à produção de bens e serviços. O estresse acontece quando há um desequilíbrio entre a pressão pelo rendimento do profissional, de acordo com suas capacidade, limites, habilidades e recursos, o controle sobre a forma do trabalho e o apoio ou reconhecimento das pessoas que são importantes para elas.

O conteúdo do trabalho, os tipos de tarefa (monotonia, subestimação, falta de variedade), a carga e o ritmo (muito ou pouca ocupação), os horários dos turnos, a participação e o controle são pontos de riscos que devem ser observados na prevenção ao estresse no trabalho e, consequentemente, um adoecimento mental e posterior prática de suicídio. “A gente busca ajuda para doenças de fator biológico e deixamos de cuidar ou ser indicados ao cuidado mental até pelos médicos em consultas e esquecemos de ter atenção às emoções. Falar é a melhor solução para evitar o suicídio”, pontuou Marina Bentivi.

Suicídio infantil – De acordo com a psicóloga Toshimi Passos, o suicídio entre crianças cresce a cada ano. De 2000 a 2012, aumentou em 40% os casos entre crianças de 10 a 14 anos. Entre os jovens com idade de 15 a 19 anos, esse percentual varia de 30 a 33%. “Chegar ao ato suicida é como um funil de diversos fatores. Quem comete suicídio não deseja se matar, o que ele busca é acabar com o sofrimento que sente”, explicou.

Toshimi levantou perguntas e pontos de reflexão para que os participantes reconhecessem os mitos em torno do tema e a importância do diálogo. Algumas frases de alerta, como “eu preferia estar morto”, “eu não posso fazer nada”, “eu não aguento mais”, “os outros vão ser mais felizes sem mim”, “eu sou um perdedor e um peso para os outros”, devem ser levadas em consideração como alertas de pessoas com ideias suicidas.

“Socialmente é constrangedor para muitas pessoas falar sobre morte, sobretudo de pessoas que provocam a própria morte, e o diálogo sobre suicídio vai se tornando reduzido. É importante saber que temos uma rede de atendimento disponível no Sistema de Saúde”, reforçou Toshimi Passos.

A médica Diessika Halvantzis pontuou alguns mitos relacionados ao suicídio que prejudicam a abertura do diálogo. Entre eles, estão afirmar que o suicídio é uma decisão individual, que não existe um tratamento para quem pensa no suicídio, que as pessoas que tentam o ato querem chamar atenção ou quem tentou e não conseguiu, perdeu o estímulo, que a melhora é sinal de que a pessoa está fora de perigo e que não se deve falar ou expor na mídia o tema porque estimula a prática.

“O mais importante é entendermos que o suicídio é uma morte evitável e por isso a importância de campanhas como o setembro amarelo. Falar sobre o assunto é abrir portas para o diálogo e o cuidado”, finalizou Diessika.

Para mais informações sobre prevenção ao suicídio, o Conselho Federal de Medicina publicou a cartilha “Suicídio: informando para prevenir”, disponível neste endereço. O Centro de Valorização da Vida (CVV) mantém um telefone 24 horas para atendimentos de urgência, no número 188.

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